Rui Pinto, o homem por trás do site Football Leaks que expôs informações confidenciais sobre transferências e contratos de futebol, evitou a prisão.
Um tribunal português concedeu a Pinto uma sentença suspensa de quatro anos depois de considerá-lo culpado de tentativa de extorsão, acesso ilegal a dados e violação de correspondência.
O homem de 34 anos fundou o site em 2015 e vazou milhões de documentos.
Ele argumentou que era um denunciante e não um hacker.
Um ex-estudante de história e autodidata em informática, Pinto foi preso na Hungria em janeiro de 2019, embora tenha sido posteriormente libertado da prisão domiciliar e colocado sob proteção de testemunhas. Seu julgamento começou em setembro de 2020.
Seu site forneceu informações confidenciais a veículos de comunicação do consórcio European Investigative Collaborations (EIC), uma rede de jornalistas.
Pinto enfrentou 90 acusações criminais e foi acusado de fraude em computadores, tentativa de extorsão e violação da privacidade da correspondência.
Ele afirmou que suas ações visavam ao interesse público para expor a corrupção no futebol, o que seu advogado disse que a sentença desta segunda-feira reconhece.
No entanto, a juíza Margarida Alves disse ao tribunal em Lisboa: “A liberdade de informar não justifica violações da privacidade.”
Ela acrescentou: “O tribunal não tem dúvidas… Está claro que ele estava esperando receber dinheiro.
“O tribunal espera que o arrependimento [demonstrado por Rui Pinto] seja sério e que, a partir de agora, ele se abstenha de realizar atos como os descritos aqui.”
Pinto foi condenado por cinco acusações de “acesso ilegítimo” a sistemas de informática e três acusações de “violações de correspondência”, além da tentativa de extorsão contra o fundo de investimento Doyen Sports.
Os promotores alegaram que Pinto solicitou entre 500.000 a um milhão de euros (£429.400 a £858.800) do chefe da Doyen Sports, Nelio Lucas, para deixar de publicar documentos comprometedores.
As divulgações começaram em 2016 e, ao longo de dois anos, incluíram os salários do grande argentino Lionel Messi e do atacante brasileiro Neymar, conversas secretas sobre a criação da Superliga Europeia e alegados casos de evasão fiscal por parte de vários jogadores de futebol de topo.
Em novembro de 2018, a publicação alemã Der Spiegel alegou que o Manchester City e seus patrocinadores manipularam contratos para contornar as regulamentações de Fair Play Financeiro (FFP) da Uefa e disse que sua fonte era um denunciante que chamaram de “John”, que foi o pseudônimo que Pinto usou sob o nome Football Leaks.
Em fevereiro de 2020, o City recebeu uma proibição de duas temporadas das competições europeias de clubes da Uefa, mas o clube reverteu com sucesso a suspensão cinco meses depois, em um recurso ao Tribunal de Arbitragem do Esporte (CAS).
O CAS afirmou que o City foi absolvido de “disfarçar fundos próprios como contribuições de patrocínio”, mas que o clube “falhou em cooperar com as autoridades da Uefa”. Também reduziu uma multa inicial imposta ao City de 30 milhões de euros para 10 milhões de euros.
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